O Custo da Inação: Por Que Não Planejar Custa Caro

O Custo da Inação: Por Que Não Planejar Custa Caro

A inércia diante da crise climática representa um dos maiores riscos financeiros enfrentados por empresas e governos. Na COP30, em Belém, conhecida como a “COP da implementação”, o setor privado reforçou a urgência de transformar debates em ações concretas.

Este artigo explora por que a falta de planejamento climático é tão onerosa e oferece caminhos práticos para reverter esse cenário.

O Risco Financeiro da Inação Climática

De acordo com projeções, o Brasil pode perder R$ 17,1 trilhões de PIB nos próximos 25 anos caso não haja medidas efetivas contra as mudanças climáticas. Somente nos estados brasileiros, R$ 61 bilhões já foram gastos em uma década com desastres extremos.

Para empresas, o cenário não é menos alarmante. Estima-se que até 15% da receita anual possa ser afetada pela inação, enquanto 7% dos lucros correm risco para companhias que não se adaptarem.

Panorama de Ação Empresarial

O Barômetro Global de Ação Climática da EY analisou 857 empresas em 50 países. Entre as descobertas:

  • 64% das empresas possuem um plano de transição
  • 69% pretendem alcançar net zero até 2050
  • 30% se comprometem com o marco de 2030
  • 52% afirmam que os projetos sociais excederam expectativas
  • 68% avaliaram riscos, mas só 17% divulgaram impactos financeiros

Apesar dos avanços, menos da metade das companhias avalia simultaneamente o custo da ação e o custo do não agir, reduzindo o senso de urgência no mercado.

Perspectivas de Liderança e Chamado à Ação

Para Luiz Sérgio Vieira, CEO da EY Brasil, o custo da inação é muito superior ao investimento em soluções sustentáveis. Ele destaca que os CEOs devem integrar a sustentabilidade na estratégia e no planejamento financeiro, enxergando-a não mais como um passivo, mas como vantagem competitiva de longo prazo.

Patricia Espinosa, ex-secretária executiva da UNFCCC, alerta que os custos da inação devem ser considerados tanto por sociedades quanto por empresas, um aspecto ainda subavaliado.

Leonardo Dutra, sócio-líder de Mudanças Climáticas da EY Brasil, aponta incertezas políticas e regulatórias, custos crescentes e metas ambiciosas como entraves. Ele reforça que maior divulgação de impactos financeiros pode criar um efeito cascata positivo no mercado.

Custo do Tempo de Inatividade e Plano de Recuperação

O tempo de inatividade não planejado pode causar danos severos:

  • Danos à reputação e confiança de clientes
  • Perda de receita e custos extras de TI
  • Diminuição de produtividade e fluxo de trabalho
  • Custos adicionais com tecnologia e suporte
  • Queda média de 2,5% no preço das ações

Para enfrentar esses riscos, um plano de recuperação sólido deve seguir cinco etapas essenciais:

  • Análise de risco de negócios
  • Divisão dos riscos de TI
  • Definição dos objetivos de recuperação
  • Compreensão dos períodos aceitáveis de inatividade
  • Teste e simulação de sistemas

Estratégias para Transformar Desafios em Oportunidades

Além de evitar perdas, a sustentabilidade pode ser fonte de crescimento. Iniciativas ESG na mineração podem estimular atividades econômicas em até 21%, enquanto o setor de infraestrutura pode crescer 5,6% com práticas verdes. No agronegócio, a adoção de técnicas sustentáveis pode impulsionar um avanço de 26,5%.

Regulamentações mais rígidas e o crescente interesse por soluções baseadas na natureza também abrem portas para investimentos na economia verde. A segurança energética, por exemplo, deve acelerar políticas climáticas e reforçar o papel do setor privado no financiamento da transição.

COP30: Da Discussão à Implementação

Na COP30, a EY House em Belém tornou-se um ambiente colaborativo para líderes multissetoriais. O evento deixou claro que a conferência não é um ponto de chegada, mas uma ponte para ações concretas com geração de valor.

O setor privado, responsável por mais de 70% do financiamento da transição, tem a responsabilidade de traduzir compromissos em resultados tangíveis. A hora de agir é agora.

Conclusão: Agir é a Melhor Estratégia

A falta de compreensão sobre o custo da inação climática tem impedido muitas organizações de avançar. No entanto, com planejamento robusto, avaliação de riscos e engajamento dos líderes, é possível transformar desafios em oportunidades de inovação e lucro.

Investir em soluções sustentáveis não é mais uma escolha opcional, mas uma condição para a sobrevivência e o sucesso a longo prazo. Agir hoje garante a resiliência de amanhã.

Marcos Vinicius

Sobre o Autor: Marcos Vinicius

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