Blockchain no Crédito: Descentralizando e Otimizando

Blockchain no Crédito: Descentralizando e Otimizando

A tecnologia blockchain vem transformando o mundo financeiro e, particularmente, o crédito no Brasil. No evento Blockchain Conference Brasil 2025, em São Paulo, líderes de bancos e fintechs compartilharam visões que apontam para um futuro no qual a transparência e a eficiência caminham lado a lado.

Hoje, o país se destaca como líder global em crédito tokenizado, impulsionando inovação e reduzir em até 38% os custos operacionais de estruturas de financiamento. Para quem deseja entender e se beneficiar dessa revolução, este artigo apresenta um panorama completo, exemplos práticos e dicas para aproveitar esse momento único.

O Brasil como Pioneiro em Crédito Tokenizado

Com um volume impressionante de ativos e iniciativas, o Brasil consolidou sua posição de destaque ao integrar a plataforma de duplicata escritural digital e promover a tokenização de ativos de crédito. Desde 2022, o país tem investido em marcos regulatórios que garantem segurança, rastreabilidade e escalabilidade, posicionando-se na vanguarda global.

Números que Revelam o Potencial

Dados recentes comprovam o dinamismo do mercado brasileiro de cripto e crédito tokenizado. Entre julho de 2024 e junho de 2025, foram movimentados US$ 318,8 bilhões em criptoativos, um crescimento de 109,9% em relação ao período anterior.

A tokenização de créditos também acelera: com R$ 1,7 bilhão em operações e mais de 2.500 investidores ativos, e um estoque de R$ 596 bilhões em FIDCs, o cenário projeta um mercado de R$ 4 bilhões até 2025, com potencial de superar R$ 10 bilhões após a conclusão de reformas regulatórias.

Além disso, as stablecoins respondem por mais de 90% dos fluxos cripto no Brasil, funcionando como um verdadeiro 'PIX cripto' e triplicando seu volume de transações em apenas um ano.

Eficiência e Redução de Custos

Uma das principais promessas da blockchain é a redução de burocracia. Estudos indicam que a automação de processos e transparência nas transações pode acelerar pagamentos, eliminar etapas manuais e minimizar falhas.

  • Automatização de fluxos de pagamento
  • Integração de registros descentralizados
  • Eliminação de intermediários tradicionais

Essas melhorias não só aceleram os prazos, mas aumentam a confiança entre as partes, minimizando fraudes e riscos de inadimplência.

Casos Práticos de Implementação

Projetos inovadores mostram como a blockchain pode ser aplicada em diferentes contextos. Um dos destaques é o TerraLogs, desenvolvido em parceria com a fintech Tanssi e apoiado pelo governo de São Paulo.

Destinado a pequenos produtores rurais, o programa disponibiliza microcréditos de até R$ 15.000 com taxas de transação previsíveis e confiabilidade. Após o sucesso no piloto de Santo Antônio da Alegria, o lançamento nacional está previsto para dezembro de 2025, contando com aplicativo móvel e máquinas físicas para garantir acessibilidade.

Já em instituições financeiras tradicionais, protocolos DeFi como Aave e Compound permitem criar fluxos de crédito para sistema financeiro baseados em smart contracts. Essas soluções promovem condições diferenciadas, reduzindo spreads e democratizando o acesso ao capital de giro.

Infraestrutura Digital e Perspectivas Futuras

O ecossistema brasileiro conta com fundamentos robustos que favorecem a adoção da blockchain no crédito. Sistemas como Pix e Open Finance já demonstraram sua capacidade de modernizar pagamentos e compartilhamento de dados, enquanto o real digital Drex, embora adiado, abre caminho para inovações futuras.

  • Pix: pagamentos instantâneos 24/7
  • Open Finance: integração aberta de dados
  • Duplicata escritural: título totalmente digital e rastreável e digitalmente registrada

A duplicata escritural, em especial, deve se tornar obrigatória em 2027 e promete liberar até R$ 10 trilhões em liquidez por ano, segundo projeções do Banco Central.

Visão Regulatória e Desafios

A consolidação desse mercado depende de um arcabouço legal sólido. A Lei de Ativos Virtuais estabeleceu diretrizes de compliance, incluindo KYC e obrigações de AML/CFT, sob supervisão do Banco Central.

Consultas públicas realizadas em 2024 e a reforma da Resolução CVM 88 discutida para o final de 2025 indicam avanços importantes. Especialistas acreditam que, com esses aperfeiçoamentos, o mercado de tokenização pode ultrapassar R$ 10 bilhões de valor emitido.

Perspectivas e Oportunidades para Usuários

Para quem busca aproveitar essa transformação, algumas dicas são fundamentais:

  • Estude as bases da tecnologia e entenda o funcionamento de smart contracts;
  • Busque projetos com governança clara e auditorias independentes;
  • Fique atento às mudanças regulatórias e participe de consultas públicas;
  • Considere diversificar investimentos em plataformas de crédito tokenizado.

O horizonte é promissor. A combinação de blockchain e crédito traz a chance de coexistência de mercados tradicional e cripto, criando novas formas de oferecer e acessar recursos de maneira mais justa e eficiente.

Ao se engajar neste movimento, empresas, investidores e consumidores podem desempenhar papéis ativos em uma revolução que promete não apenas potencial de liberar até R$ 10 trilhões em liquidez, mas também construir um sistema financeiro mais inclusivo e resiliente.

Seja você um empreendedor buscando financiamento, um investidor explorando novas classes de ativos ou um usuário interessado em melhores condições de crédito, a era do blockchain está apenas começando. Na busca por inovação, o Brasil mostra como a tecnologia pode, de fato, transformar sonhos em realidade e oferecer soluções que beneficiam toda a sociedade.

Referências

Maryella Faratro

Sobre o Autor: Maryella Faratro

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